quarta-feira, 25 de junho de 2008

Shigelose

Shigelose

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste Artigo:

- Introdução
- Exame do paciente
- Exames complementares
- Abordagem terapêutica
- Conclusão
- Referências Bibliográficas

A Shigella, agente responsável pela disenteria, é uma bactéria gram-negativa aeróbica altamente contagiosa. A ingestão de pouco mais de 100 microorganismos já é suficiente para desencadear o quadro infeccioso. A bactéria se dissemina principalmente por via fecal-oral e pela água contaminada. As cepas S. sonnei e S. flexneri são responsáveis por 90% dos casos de shigelose.

Introdução

A Shigelose é umas das infecções mais comuns em todo mundo, ceifando mais de 600.000 vidas anualmente. As infecções por Shigella podem associar-se a complicações extra-gastrintestinais: a bacteremia, que afeta principalmente crianças desnutridas, possui um índice de mortalidade de 20% em decorrência de insuficiência renal, hemólise, trombocitopenia, hemorragia e choque.

A síndrome hemolítico-urêmica também pode complicar a infecção por Shigella, com mortalidade acima de 50%. A síndrome caracteriza-se por hemólise aguda, insuficiência renal, uremia e coagulação intravascular disseminada.

Exame do paciente

O paciente freqüentemente relata diarréia aquosa aguda, tenesmo retal, eliminação de muco nas fezes, febre, hipogastralgia, hiperperistaltismo e desidratação.

Shigelose: principais diagnósticos diferenciais

  • Amebíase
  • Cólera
  • Colite por Clostridium difficile
  • Adenocarcinoma colônico
  • Doença de Crohn
  • Salmonelose
  • Colite ulcerativa
  • Infecção por Yersinia enterocolitica

Exames complementares

Em geral, a anamnese detalhada fornece todas as pistas para o diagnóstico, mas alguns exames podem ser solicitados para confirmar a etiologia do quadro diarréico, tais como: citologia fecal, hemograma e bioquímica sangüínea (podem mostrar aumento do hematócrito, da concentração de sódio e uréia, indicando depleção de volume), leucocitose (rara) e coprocultura.

A retossigmoidoscopia não é necessária na maioria dos casos. Entretanto, caso seja preciso diferenciar um quadro de disenteria de um episódio agudo de retocolite ulcerativa, recomenda-se realizar uma biópsia colônica cerca de 4 dias após o início dos sintomas.

Abordagem terapêutica

A shigelose resulta em uma diarréia de curso autolimitado de 5-7 dias. A maioria dos pacientes previamente hígidos não necessita antibióticos, apenas um bom controle da hidratação e da febre.

A antibioticoterapia está indicada nos pacientes instáveis, idosos, crianças desnutridas ou que freqüentam creches, indivíduos HIV-positivos e trabalhadores da área de saúde. Os agentes mais indicados são o sulfametoxazol-trimetoprim, ciprofloxacina e ampicilina.

Os antidiarreicos devem ser evitados.

Conclusão

A Shigelose é uma enteroinfecção comum, especialmente em crianças entre 6 meses e 5 anos. O quadro costuma ser autolimitado em torno de 5-7 dias, mas o estado de portador por durar até 4 semanas. Cólicas leves e diarréias episódicas também podem ocorrer até várias semanas após o tratamento efetivo. Medidas básicas de higiene pessoal, como lavar bem as mãos antes das refeições, são essenciais para evitar a disseminação da bactéria.

Referências Bibliográficas

  1. Gangaros EJ. Annotation: a community-focused strategy for the control of day-care center shigellosis. Am J Public Health. 1995 Jun;85(6):763-4.
  2. Tacket CO, Cohen ML. Shigellosis in day care centers: use of plasmid analysis to assess control measures. Pediatr Infect Dis. 1983 Mar-Apr;2(2):127-30.
  3. Mohle-Boetani JC, Stapleton M, Finger R, Bean NH, Poundstone J, Blake PA, Griffin PM. Communitywide shigellosis: control of an outbreak and risk factors in child day-care centers. Am J Public Health. 1995 Jun;85(6):812-6.
  4. Tauxe RV, Johnson KE, Boase JC, Helgerson SD, Blake PA. Control of day care shigellosis: a trial of convalescent day care in isolation. Am J Public Health. 1986 Jun;76(6):627-30.
  5. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Outbreaks of multidrug-resistant Shigella sonnei gastroenteritis associated with day care centers--Kansas, Kentucky, and Missouri, 2005. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2006 Oct 6;55(39):1068-71.
  6. Centers for Disease Control (CDC). Multiply resistant shigellosis in a day-care center--Texas. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 1986 Dec 5;35(48):753-5.
  7. Chen KT, Chen CJ, Chiu JP. A school waterborne outbreak involving both Shigella sonnei and Entamoeba histolytica. J Environ Health. 2001 Nov;64(4):9-13, 26.
  8. Weissman JB, Gangorosa EJ, Schmerler A, Marier RL, Lewis JN. Shigellosis in day-care centres. Lancet. 1975 Jan 11;1(7898):88-90.
  9. Shane AL, Tucker NA, Crump JA, Mintz ED, Painter JA. Sharing Shigella: risk factors for a multicommunity outbreak of shigellosis. Arch Pediatr Adolesc Med. 2003 Jun;157(6):601-3.
  10. Raĭkhshtat GN. Epidemiology and prevention of dysentery. Feldsher Akush. 1982;47(6):8-12.
  11. Mahoney FJ, Farley TA, Burbank DF, Leslie NH, McFarland LM. Evaluation of an intervention program for the control of an outbreak of shigellosis among institutionalized persons. J Infect Dis. 1993 Nov;168(5):1177-80.

Copyright © 2008 Bibliomed, Inc. 24 de junho de 2008

Nenhum comentário: